Se o tarot e a psicologia andam juntas hoje, devemos esse feito ao pai da psicologia analítica, Carl Gustav Jung. O tarot junguiano surge do seu rico simbolismo e a troca inconsciente de informações riquíssimas.
De acordo com um dos muitos estudos realizados por esse psiquiatra, os arcanos maiores dos tarots representam e permitem se conectar com os arquétipos da pessoa. Não sabe o que são arquétipos? Não tem problema, iremos explicar.
Para quem ainda não sabe, os arquétipos são como princípios orientadores fundamentais da psique humana. E Jung chegou nessa conclusão após anos de observação de seus pacientes, a própria vida e até mesmo manifestações artísticas. Para ele, os arquétipos são formas simbólicas inatas. Ou seja, esses fragmentos da própria vida ganham significados por meio de experiência e emoções.
Portanto, os arquétipos guiam a nossa vida de forma inconsciente, tanto no âmbito pessoal quanto social. Por isso, o tarot junguiano deixa de ser apenas um oráculo e passa a ser uma forma de autoanálise.
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Se você chegou até este texto, certamente tem algum tipo de vínculo ou admiração por tarot. E, posso arriscar, que talvez tenha ficado curiosa sobre como essa mistura de esoterismo e psicologia analítica acabou acontecendo.
Vamos voltar no tempo, na época dos movimentados salões franceses antes da revolução. Naquele período, acreditava-se que muito do conhecimento de ocultismo vinha do Egito antigo e que os detentores dessa sabedoria eram os ciganos e alguns outros poucos.
Esses poucos se organizavam em grupos secretos, como por exemplo, a Ordem Hermética da Aurora Dourada. Claro, alguns não tão pequenos, como os Rosacruzes e Maçons. Todos eles, com uma paixão pelo oculto e pela sabedoria ancestral.
Basicamente, quem domina a arte do tarot são pessoas comprometidas que se enquadram amplamente em duas escolas: aqueles que pensam que as cartas os ajudam a acessar a sabedoria inconsciente e aqueles que acreditam que canalizam o sobrenatural ou mesmo incorporam seu próprio poder espiritual.
E no primeiro grupo temos Jung, que vê nas cartas uma ferramenta de acesso ao mundo que nos é pouco conhecido, mas rege nossa vida com maestria. Embora não estivesse bem informado: achava que as cartas vinham de adivinhos ciganos e possivelmente também “descendentes dos arquétipos da transformação”, aqueles “símbolos verdadeiros e autênticos que não podem ser interpretados exaustivamente nem como signos nem como alegorias”.
A intenção era boa, tanto que desenvolveu uma linha de pesquisa no próprio instituto na década de 60 em Zurique. Entretanto, essa pauta era antiga, tanto que nos seminários particulares que deu no início dos anos 30 disse que o tarot eram imagens psicológicas, símbolos com os quais se brinca com conteúdos ocultos.
As diferentes combinações de cartas e vivências correspondem ao desenrolar lúdico dos eventos na história humana, observava Jung. Portanto, é aplicável a um método intuitivo que tem o objetivo de entender o fluxo da vida.
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Cada arcano maior abriga um ou mais arquétipos universais e inconscientes. Para quem não sabe, cada arcano maior é uma espécie de arcabouço de simbologias pessoais e situacionais.
Esses significados e simbologias têm como objetivo facilitar o autoconhecimento. Por isso, aprender a ler o tarô é recorrer à autoanálise. Nesta jornada de introspecção podem ser identificadas as ansiedades, complexos ou repressões que nos atormentam.
Veja abaixo, de uma forma muito simplificada, os significados dos arcanos maiores no tarot junguiano.
Representa o ímpeto e a busca por aventuras, novidades e desbravar novos mundos. O seu arquétipo é a do jovem.
Representa a iniciativa necessária para enfrentar obstáculos, sejam na vida social ou na vida amorosa. O seu arquétipo é o do trapaceiro.
Representa o instinto e a coragem de confiar na intuição. É um convite para calar as vozes externas e abrir os ouvidos para os chamados internos. O seu arquétipo é o feminino.
Representa a prosperidade, abundância e fertilidade (seja no campo físico ou material). Geralmente está ligado ao laço familiar e a união. O seu arquétipo é o da mãe.
Representa toda força e dedicação para atingir metas. O seu arquétipo é o do pai.
Representa a união entre o mundo físico e espiritual, o saber dos homens e dos deuses, tudo em perfeito equilíbrio. O seu arquétipo é o do velho sábio.
Representa a dualidade entre duas situações que implica em uma necessidade de escolher entre duas ou mais ações ou pessoas. O seu arquétipo é o da alma.
Representa a fase final de uma batalha pela conquista de algo que lhe é muito desejado. O seu arquétipo é o do guerreiro.
Representa o momento da tomada de decisões, no qual a pessoa se encontra introspectiva e em profunda análise. O seu arquétipo é o da justiça.
Representa a introspecção necessária para a elevação espiritual e busca pela sabedoria. O seu arquétipo é o do velho sábio.
Representa eventos inesperados, com muitos altos e baixos e uma dinâmica constante. O seu arquétipo é o do destino.
Representa a vontade de enfrentar tempos difíceis. O seu arquétipo é o da resistência.
Representa momentos de dúvidas e incertezas. O seu arquétipo é o do sacrifício.
Não representa algo ruim, como muitos pensam. Essa carta fala sobre transformações. O seu arquétipo é o do renascimento.
Representa empatia com as pessoas que estão à sua volta, independentemente de ter um vínculo afetivo ou não. O seu arquétipo é o da união dos opostos.
Representa os instintos mais básicos de nossas vidas. O seu arquétipo é o da energia sexual.
Representa mudanças repentinas. O seu arquétipo é o do caos.
Representa esperança, renovação e abertura à vida. O seu arquétipo é o da estrela guia.
Representa o medo perante o diferente, o desconhecido. O seu arquétipo é o dos sonhos.
Representa a felicidade, a alegria e a energia positiva. O seu arquétipo é o do sol.
Representa a busca pelo equilíbrio em nossa vida. O seu arquétipo é o da avaliação.
Por fim, temos a carta mundo do tarot junguiano que representa a plenitude absoluta. O seu arquétipo é o da satisfação.
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